MPF investiga uso de avião da FAB por garimpeiros ilegais, grupo teria sido transportado para reunião com ministro do Meio Ambiente em Brasília

Ricardo Salles esteve em Jacareacanga um dia antes do voo da FAB que transportou os garimpeiros ilegais à Brasília.(Foto: Johnson Barros/Força Aérea Brasileira)

Um avião da FAB (Força Aérea Brasileira) foi utilizado para transportar garimpeiros ilegais de Jacareacanga, no sudoeste do Pará, para uma reunião com o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, em Brasília, no último dia 6 de agosto, segundo informações do Ministério Público Federal (MPF) que investiga o caso.

Segundo o MPF, a aeronave da FAB seria utilizada em operação de combate de crimes ambientais, mas a operação acabou cancelada. O envio da aeronave partiu do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente) para o apoio a operação de combate a crimes ambientais dentro das terras indígenas Munduruku e Sai Cinza, que sofrem principalmente com o garimpo ilegal.

Em documento enviado ao MPF, a FAB disse ter transportado pessoas que representavam os povos indígenas para uma reunião com o ministro Ricardo Salles, mas a informações foi rebatida por lideranças Munduruku, que afirmam que as pessoas transportadas se tratavam de garimpeiros ilegais, em documento também enviado ao MPF.

No dia 5 de agosto, ou seja, um dia antes do voo, Ricardo Salles esteve em Jacareacanga, onde se reuniu com garimpeiros ilegais que foram alvo de operação do Ibama. Na ocasião, Salles afirmou que os índios querem garimpar, produzir lavoura e não manter certas atividades no setor madeireiro.

Para o MPF, o transporte de criminosos em avião da FAB pode ser configurado como desvio de finalidade, uma vez que a aeronave estava na localidade com o objetivo de dar apoio a operação de combate a crimes ambientais. O MPF investiga se o transporte pode configurar o crime de improbidade administrativa e segue na sede de Itaituba, que também fica no sudoeste do Pará.