Cinco são as medidas mais abordadas nesses casos: distanciamento social, isolamento vertical, isolamento horizontal, quarentena e lockdown. A diferença entre várias dessas ações, porém, causa debate, pois mistura termos técnicos com expressões consagradas pelo uso popular.
De acordo com Guilherme Werneck, médico e professor de epidemiologia da Universidade Federal do Rio (UFRJ), a divisão oficial é apenas entre isolamento e quarentena, com base na literatura de epidemias anteriores. Na realidade brasileira, no entanto, o que vem sendo adotado é o distanciamento social. Embora o termo não seja técnico, o especialista o classifica como “uma forma de chamar o isolamento de uma maneira melhor”, além de ter o mesmo significado do isolamento horizontal.
Já o lockdown — outro termo sem base oficial — é uma medida mais extrema, que geralmente depende de regulação judiciária e regras pré-estabelecidas. Ficar em casa não é mais uma recomendação, e sim uma obrigação. "O governo deixa de sugerir e passa a impor a permanência em casa, exceto com motivo formal comprovado para sair", afirma o epidemiologista Pedro Hallal, reitor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel).
Entenda as diferenças entre cada medida:
Isolamento
Ação de afastamento dos infectados pela doença. Isola-se quem já tem caso confirmado, até a recuperação, para impedir o contato com pessoas saudáveis e com o mundo externo.
Quarentena
Isolamento que conta com um período de incubação (14 dias, no caso da covid-19), aplicado em pessoas que não estão doentes, mas são casos em potencial ou suspeitos, para evitar a entrada da infecção em determinada região. No início do novo coronavírus, era enquadrado nesse grupo quem havia viajado recentemente para China, Itália ou algum outro lugar afetado pela covid-19, além de pessoas que tiveram contato direto com infectados. A medida, aconselhável no início de epidemias, passa a ser pouco eficaz após o local registrar transmissão comunitária.
Isolamento vertical
Termo tipicamente brasileiro, sem base teórica, que acrescenta os grupos de risco da doença ao isolamento tradicional. Dessa forma, apenas infectados e grupos de risco, como idosos e doentes crônicos, ficariam confinados. Esse formato de distanciamento é defendido pelo presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores, sob o argumento de reabrir o comércio e evitar um colapso econômico.
Distanciamento social (isolamento horizontal)
É o isolamento de todos, exceto de quem cumpre funções essenciais. A medida, que vem sendo adotada em quase todo o Brasil nas últimas semanas, tem o objetivo de evitar maior contaminação, já que a transmissão ocorre a partir do contato entre pessoas.
“O isolamento horizontal é, na verdade, distanciamento social. Não isola as pessoas, e sim faz com que elas se afastem umas das outras. O distanciamento social é um termo que serve para diferenciar essa medida do isolamento tradicional (aquele aplicado apenas aos infectados), explica Guilherme Werneck.
Lockdown
O termo em inglês significa confinamento, mas ganhou outra conotação no Brasil. Embora também não se trate de uma expressão oficial, caracteriza o grau mais extremo do distanciamento social, no qual ele se torna obrigatório. Todas as atividades são paralisadas, à exceção dos serviços essenciais, como hospitais, farmácias, mercados, órgãos de segurança pública e cemitérios. Apenas quem justificar necessidade pode sair de casa. Após regulação judicial, pode-se determinar uma série de punições para quem desrespeitar as regras.
A ação torna-se necessária quando o sistema de saúde está saturado ou à beira do colapso, sem capacidade de atender novos pacientes. Werneck alerta, porém, que o lockdown demanda amparo do Ministério Público, pois envolve questões de direitos. Além disso, deve ser aplicado em situações específicas, como a de municípios ou regiões metropolitanas, e não em um Estado inteiro, por exemplo.
*Por: Guilherme Bianchini do Estadão
Nenhum comentário:
Postar um comentário