Esquema foi revelado em depoimento de ex-assessor à PF. (Foto: Marcos Corrêa/PR) |
Depoimento do ex-assessor parlamentar Haissander Souza de Paula à PF (Polícia Federal) e uma planilha apreendida em uma gráfica indicam que dinheiro do esquema de candidatas laranjas do PSL em Minas Gerais foi desviado para abastecer, via caixa 2, as campanhas do presidente Jair Bolsonaro e do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio. A informação é da Folha de S. Paulo.
O ministro foi indiciado pela PF e na última quarta-feira (4) e denunciado pelo MPE-MG (Ministério Público Eleitoral de Minas Gerais) pelos crimes de falsidade ideológica eleitoral, apropriação indébita e associação criminosa. Ele nega ter cometido atos ilegais.
Tanto o presidente como o ministro são filiados ao PSL. Haissander, assessor parlamentar de Álvaro Antônio à época da campanha do ministro para se reeleger deputado federal, disse em seu depoimento que “acha que parte dos valores depositados em campanhas femininas, na verdade, foi usada para pagar material de campanha do ministro e de Bolsonaro”.
Na planilha, nomeada “MarceloAlvaro.xlsx”, apreendida na empresa Viu Mídia, consta 1 suposto fornecimento de material eleitoral para a campanha do presidente com a expressão “out“, que, de acordo com os investigadores, significa pagamento “porfora“. Na tabela, há referência ao fornecimento de duas mil unidades de material eleitoral (laminado) para a campanha de Bolsonaro, sendo R$ 4.200 “out” e R$ 1.550 com “NF” [nota fiscal].
No entanto, não há registro na prestação de contas entregue por Bolsonaro à Justiça Eleitoral de gastos com a empresa Viu Mídia.
Haissander foi preso por 5 dias no final de junho, ao lado de outros 2 investigados —entre eles 1 atual assessor de Álvaro Antônio, que jamais havia reconhecido, até então, a existência de fraude no uso das verbas públicas do PSL durante a campanha de 2018.
No depoimento em que aponta suspeitas de caixa 2 na campanha de Álvaro Antônio e de Jair Bolsonaro, Haissander afirma ainda que “com certeza Lilian não gastou os R$ 65 mil recebidos”.
A declaração se refere a Lilian Bernardino, uma das 4 candidatas laranjas reveladas pela Folha. As mulheres, apesar de figurarem no topo das que nacionalmente mais receberam verba pública do PSL, não apresentaram sinais de que tenham realizado campanha.
As 4, juntas, receberam um total de R$ 279 mil de verba pública do partido e alcançaram apenas 2.074 votos. Parte desse dinheiro foi parar em empresas ligadas ao gabinete do hoje ministro.
O depoimento de Haissander, que integra os autos da investigação, foi dado 9 horas depois de ele ser preso, no dia 27 de junho de 2019. A demora ocorreu devido à espera por 1 advogado.
No interrogatório de custódia, o ex-assessor afirmou que não confirmava as declarações que havia dado anteriormente. A defesa tentou invalidar o 1º depoimento, mas a Justiça negou o pedido, argumentando que “todas as garantias constitucionais e legais restaram asseguradas, dentre elas a prévia ciência de permanecer em silêncio”.
*Por: Poder360
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