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Neste domingo (2) pessoas fazem fila para receber ajuda em centro de ajuda da ONU para refugiados palestinos (UNRWA) em campo de refugiados em Damasco, na Síria. (Foto: Louai Beshara/AFP) |
Os Estados Unidos suspenderam na sexta-feira (31) sua ajuda à agência da ONU para os refugiados palestinos (UNRWA), alegando que a organização é "irremediavelmente falha". O premiê israelense celebrou a decisão neste domingo (2).
Em um comunicado, a porta-voz do Departamento de Estado, Heather Nauert, afirmou que o país não quer “dar mais financiamento adicional para esta operação irremediavelmente tendenciosa". Ela também acusou a agência de aumentar "de maneira exponencial" o número de palestinos elegíveis para o status de refugiados. "Simplesmente isto é inviável".
A UNRWA ajuda os palestinos - e seus descendentes - que foram expulsos ou obrigados a partir durante a guerra de 1948, após a criação do Estado de Israel.
Os Estados Unidos, historicamente o principal país doador da UNRWA, já havia reduzido drasticamente as suas contribuições. De 350 milhões em 2017, o montante passou para 65 milhões em 2018.
A UNRWA expressou "sua profunda rejeição e desacordo com o anúncio dos Estados Unidos", em mensagem de seu porta-voz, Chris Gunness, no Twitter.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, declarou que a agência tem "toda a sua confiança" e convocou os demais países "a cobrir o rombo financeiro para que a UNRWA possa continuar proporcionando esta assistência vital".
Israel comemora
O premiê israelense, Benjamin Netanyahu, no dia em que Israel celebra o começo do ano letivo, afirmou: "Esta decisão é importante e nós a apoiamos".
Estados Unidos e Israel se opõem ao fato de que os palestinos possam transmitir o status de refugiado a seus filhos e desejam uma redução do número de pessoas beneficiadas pela ajuda da UNRWA, algo que os palestinos denunciam como uma violação de seus direitos.
Netanyahu questiona o número de refugiados palestinos registrados na UNRWA, afirmando que seu país recebeu refugiados do mundo inteiro, incluindo sobreviventes do Holocausto durante a Segunda Guerra Mundial e judeus "desarraigados" dos países árabes em 1948, na primeira guerra israelense-árabe.
"Centenas de milhares de judeus vieram como refugiados, sem nenhum bem, e nós não deixamos que continuassem como refugiados, tornaram-se cidadãos com igualdade de direitos em nosso país", afirmou o primeiro-ministro israelense.
A UNRWA "perpetua a situação dos refugiados ao invés de resolver. É preciso acabar com esta situação e utilizar o dinheiro para ajudar realmente na reabilitação dos refugiados", afirmou o premiê israelense.
No sábado, os palestinos, convencidos de que Washington deseja "liquidar" sua causa, reagiram com revolta e medo à decisão do governo americano de encerrar o financiamento da UNRWA.
Perspectivas de paz reduzidas
Esta decisão é a mais recente de uma série de medidas polêmicas da administração americana, aplaudidas por Israel e muito criticadas pela comunidade internacional e os palestinos, que veem cada vez mais longe a possibilidade de criar um Estado independente.
A Autoridade Palestina rompeu suas relações com Washington em dezembro de 2017, quando Donald Trump reconheceu Jerusalém como a capital de Israel. Como resposta, Trump anunciou em janeiro que a liberação da ajuda aos palestinos dependia do retorno destes à mesa de negociações.
Os cortes acontecem no momento em que a ONU e o Egito negociam um cessar-fogo duradouro entre Israel e Hamas, o grupo armado que governa a Faixa de Gaza, onde mais de 80% dos moradores dependem de ajuda para sobreviver.
Por: France Presse
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