02 setembro 2018

Com apoio de Israel, EUA cortam contribuição à agência da ONU para refugiados palestinos

Neste domingo (2) pessoas fazem fila para receber ajuda em centro de ajuda da ONU para refugiados palestinos (UNRWA) em campo de refugiados em Damasco, na Síria. (Foto: Louai Beshara/AFP)
Os Estados Unidos suspenderam na sexta-feira (31) sua ajuda à agência da ONU para os refugiados palestinos (UNRWA), alegando que a organização é "irremediavelmente falha". O premiê israelense celebrou a decisão neste domingo (2).

Em um comunicado, a porta-voz do Departamento de Estado, Heather Nauert, afirmou que o país não quer “dar mais financiamento adicional para esta operação irremediavelmente tendenciosa". Ela também acusou a agência de aumentar "de maneira exponencial" o número de palestinos elegíveis para o status de refugiados. "Simplesmente isto é inviável".

A UNRWA ajuda os palestinos - e seus descendentes - que foram expulsos ou obrigados a partir durante a guerra de 1948, após a criação do Estado de Israel.

Os Estados Unidos, historicamente o principal país doador da UNRWA, já havia reduzido drasticamente as suas contribuições. De 350 milhões em 2017, o montante passou para 65 milhões em 2018.

A UNRWA expressou "sua profunda rejeição e desacordo com o anúncio dos Estados Unidos", em mensagem de seu porta-voz, Chris Gunness, no Twitter.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, declarou que a agência tem "toda a sua confiança" e convocou os demais países "a cobrir o rombo financeiro para que a UNRWA possa continuar proporcionando esta assistência vital".

Israel comemora

O premiê israelense, Benjamin Netanyahu, no dia em que Israel celebra o começo do ano letivo, afirmou: "Esta decisão é importante e nós a apoiamos".

Estados Unidos e Israel se opõem ao fato de que os palestinos possam transmitir o status de refugiado a seus filhos e desejam uma redução do número de pessoas beneficiadas pela ajuda da UNRWA, algo que os palestinos denunciam como uma violação de seus direitos.

Netanyahu questiona o número de refugiados palestinos registrados na UNRWA, afirmando que seu país recebeu refugiados do mundo inteiro, incluindo sobreviventes do Holocausto durante a Segunda Guerra Mundial e judeus "desarraigados" dos países árabes em 1948, na primeira guerra israelense-árabe.

"Centenas de milhares de judeus vieram como refugiados, sem nenhum bem, e nós não deixamos que continuassem como refugiados, tornaram-se cidadãos com igualdade de direitos em nosso país", afirmou o primeiro-ministro israelense.

A UNRWA "perpetua a situação dos refugiados ao invés de resolver. É preciso acabar com esta situação e utilizar o dinheiro para ajudar realmente na reabilitação dos refugiados", afirmou o premiê israelense.

No sábado, os palestinos, convencidos de que Washington deseja "liquidar" sua causa, reagiram com revolta e medo à decisão do governo americano de encerrar o financiamento da UNRWA.

Perspectivas de paz reduzidas

Esta decisão é a mais recente de uma série de medidas polêmicas da administração americana, aplaudidas por Israel e muito criticadas pela comunidade internacional e os palestinos, que veem cada vez mais longe a possibilidade de criar um Estado independente.

A Autoridade Palestina rompeu suas relações com Washington em dezembro de 2017, quando Donald Trump reconheceu Jerusalém como a capital de Israel. Como resposta, Trump anunciou em janeiro que a liberação da ajuda aos palestinos dependia do retorno destes à mesa de negociações.

Os cortes acontecem no momento em que a ONU e o Egito negociam um cessar-fogo duradouro entre Israel e Hamas, o grupo armado que governa a Faixa de Gaza, onde mais de 80% dos moradores dependem de ajuda para sobreviver.





Por: France Presse

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