03 maio 2023

UFRN e IFRN desenvolvem tecnologia na área da fisioterapia que ajuda em tratamento terapêutico

Dispositivo é formado por duas plataformas utilizadas sob o paciente, invenção usa gamificação em seu funcionamento. (Foto: Cícero Oliveira/UFRN)

Um equipamento pensado para uso na área da fisioterapia teve seu pedido de proteção intelectual realizado no mês de março junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi). A ferramenta, desenvolvida a partir de uma parceria acadêmica entre inventores do campus de Santa Cruz da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN), foi elaborada para detectar, registrar e analisar as alterações do controle postural e das reações motoras referentes à amplitude dos movimentos dos membros superiores e inferiores em seres humanos.

O depósito de pedido de patente recebeu o nome de Dispositivo que implementa tecnologia assistida para reabilitação de indivíduos acometidos de disfunções neurológicas e motoras. Ênio Walker Azevedo Cacho, professor de fisioterapia da Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi (Facisa/UFRN), envolvido no projeto, pontua que a nova tecnologia usa técnicas de gamificação e realidade virtual para proporcionar o treinamento do equilíbrio postural.

De acordo com Ênio, o sistema busca primeiramente identificar, quantificar e demonstrar, de forma ágil e fácil, as alterações que comprometem o controle postural de indivíduos idosos, sobretudo as ortopédicas, vestibulares e neurológicas. Em seguida, o equipamento oferece informações sobre as amplitudes articulares dos membros superiores e inferiores durante as reações corporais necessárias ao estabelecimento ou manutenção do controle postural.

Tecnicamente, são situações relativas à estrutura do esqueleto apendicular – formado, nos membros superiores, por: úmero (braço), ulna e rádio (antebraço), carpos (punho), metacarpos (palma da mão) e falanges (dedos), enquanto que, nos membros inferiores, integram essa estrutura: fêmur (osso da coxa), tíbia e fíbula (perna), patela (joelho), tarsos, metatarsos e falanges (dedos). Ênio Cacho contextualiza que a coordenação motora propriamente é aptidão de usar os músculos esqueléticos de forma funcional e eficiente, portanto, uma boa coordenação faz com que os seres humanos possam ter domínio do seu próprio corpo. Atualmente, existem diversas disfunções e doenças que trazem sequelas na coordenação motora, como trombose, esclerose múltipla e, principalmente, o acidente vascular cerebral (AVC).

“No processo terapêutico, que envolve o restabelecimento do equilíbrio, como é o caso de algumas alterações neurológicas, é importantíssimo conhecer e registrar diariamente a progressão do equilíbrio do paciente. Assim, é melhor aplicar e avaliar os efeitos das técnicas utilizadas na reabilitação do equilíbrio e dos movimentos corporais. Atualmente, inexistem instrumentos que permitam a mensuração rápida do controle postural, requeiram pouco treinamento para sua utilização e expressem ao terapeuta ou responsável essa informação com fácil compreensão e um baixo custo. Esse é um diferencial da nossa invenção”, explica Ênio.

Em vídeo, ele, professor da UFRN, e Rodrigo Lopes, do IFRN, falam um pouco da tecnologia e do valor humano agregado à invenção. 

O novo dispositivo é formado por duas plataformas utilizadas sob o paciente, sendo cada uma delas posicionada abaixo de um pé, cuja função é calcular o seu equilíbrio, medindo a carga exercida nos pontos de apoio por meio do sensoriamento da pressão. Há também um sensor em forma de bastão, que serve para medir a amplitude dos movimentos dos membros superiores, e uma cinta utilizada para obtenção de informações da localização do centro de massa da pessoa investigada. Os dados mensurados se comunicam com um sistema interativo, implementado por diversos software, responsáveis por interagir com o paciente via medição dos movimentos ou do envio de comandos.

No documento apresentado ao Inpi, os pesquisadores destacaram que a invenção possui as seguintes vantagens: possibilidade de análise de múltiplas variáveis com o auxílio de um sistema de sensoriamento amplo, que identifica limitações no movimento de membros superiores e inferiores e equilíbrio em pacientes; um sistema interativo com diversos software que apoiam na identificação de limitações no movimento de membros, na medição de equilíbrio e na reabilitação neurológica e motora para diversos tipos de disfunções neuro motoras; possibilidade de tratamento de pacientes a partir do uso de um sistema interativo que pode trabalhar a reabilitação de membros superiores, inferiores ou de ambos simultaneamente; ser portátil e de fácil manuseio.

Além de Ênio, o grupo de autores da tecnologia é formado por: João Teixeira de Carvalho Neto, Rodrigo Lopes Barreto, Vinicius Carvalho Pinto, Pedrina Celia Brasil, Mateus Palhares de Lima Farias, Gabriel Humberto Lima da Silva, Yasmim Stefanni da Silva Alves, Luiz José Araújo Farias, Maria da Graça Carvalho Gonçalves, Lara Virgínia Pereira de Medeiros e Maria Eduarda Guedes Dos Santos. 

Parceria com o IFRN

O protótipo desenvolvido pelo grupo apresenta várias funções do equipamento patenteado e está sendo aplicado na avaliação e treinamento de pacientes pós AVC no Laboratório de Motricidade e Fisiologia Humana, na Facisa. “A parceria da Facisa/UFRN com o IFRN Santa Cruz já vem ocorrendo há alguns anos. Outros dispositivos foram desenvolvidos, e agora nós estamos trabalhando no desenvolvimento de um Sistema de Percepção do Movimento Biológico, que já vem sendo utilizado em nosso Programa de Pós-graduação em Ciências da Reabilitação (PPGCreab). Inclusive, o dispositivo foi utilizado como ferramenta para a avaliação do equilíbrio de pacientes pós Acidente Vascular Cerebral em um Trabalho de conclusão de curso de graduação em Fisioterapia”, frisa Ênio Cacho. 

Para o professor, o ambiente acadêmico tem um papel singular na criação, disseminação e uso de novos conhecimentos, em um panorama naturalmente propenso a muitos questionamentos, reflexões e inovações que fomentam o desenvolvimento científico, tecnológico e econômico de toda a comunidade acadêmica e de seu entorno.

“Assim, o patenteamento, além de garantir o reconhecimento pela inovação, estimula e gera no ambiente acadêmico a ideia de que a criação não é algo mágico, presente apenas em grandes centros e instituições de pesquisa, mas que pode acontecer próximo de nós, por nós mesmos, após muito esforço, dedicação dos pesquisadores, apoio e parcerias institucionais”, finaliza o docente da Facisa.



*Por: Wilson Galvão – AGIR/UFRN

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