Vice-ministro russo disse que retirada unilateral norte-americana do tratado realizado desde 1987 seria muito perigosa. (Foto: AP Photo/Evan Vucci) |
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que Washington vai sair de um tratado da época da Guerra Fria que eliminou uma classe de armas nucleares, alegando violações da Rússia. A medida disparou um alerta de Moscou sobre adoção de medidas retaliatórias.
O Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (INF), negociado pelo então presidente dos Estados Unidos Ronald Regan e pelo líder soviético Mikhail Gorbachev em 1987, estabeleceu a eliminação de mísseis nucleares e convencionais de alcances curto e intermediário por ambos os países.
"A Rússia não honrou, infelizmente, o acordo então nós vamos encerrá-lo e sair dele", disse Trump a jornalistas.
O vice-ministro de relações exteriores da Rússia, Sergei Ryabkov, afirmou neste domingo (21) que uma retirada unilateral dos EUA seria "muito perigosa" e levar a uma retaliação "técnico-militar".
Autoridades dos EUA acreditam que Moscou está desenvolvendo e instalou um sistema de lançamento baseado em terra, em violação ao tratado INF.
Segundo as autoridades americanas, o sistema russo pode permitir ao país lançar um ataque nuclear contra a Europa com rapidez. A Rússia tem consistentemente negado qualquer violação do tratado.
Trump disse que os EUA vão desenvolver armas a menos que Rússia e China concordem em interromper o desenvolvimento.
A China não faz parte do tratado e tem investido pesado em mísseis convencionais. O tratado INF impede a posse pelos EUA de mísseis balísticos que podem ser lançados a partir da terra e tenham alcances entre 500 e 5.500 quilômetros.
O assessor para segurança nacional de Trump, John Bolton, vai visitar Moscou na próxima semana.
Ryabkov, em comentários publicados pela agência estatal de notícias RIA, afirmou que se os EUA abandonarem o tratado, a Rússia não terá escolha além de retaliar, o que incluirá a tomada de medidas de "natureza técnico-militar".
"Mas preferimos que as coisas não atinjam este ponto", disse o vice-ministro, segundo a RIA.
A agência de notícias TASS citou o funcionário russo afirmando que a retirada dos EUA do tratado seria um "passo muito perigoso" e que é Washington, não Moscou, que não cumpriu o tratado.
Ele afirmou que o governo Trump está usando o tratado como uma tentativa de chantagear o Kremlin, o que coloca a segurança global em risco. "Não vamos, claro, aceitar ultimatos ou métodos de chantagem", afirmou Ryabkov, segundo a Interfax.
O ministro da Defesa da Inglaterra, Gavin Williamson, em comentários publicados pelo "Financial Times", afirmou que Londres se mantém "resoluta" no apoio a Washington sobre o assunto e que o Kremlin está zombando do tratado.
Por Jeff Mason, Reuters
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