03 julho 2020

Turquia inicia julgamento à revelia por assassinato de jornalista saudita

O jornalista Jamal Khashoggi foi morto e teve seu corpo esquartejado em 2018. (Foto: Mohammed Al-Shaikh)

Um tribunal de Istambul iniciou nesta sexta-feira (3) o julgamento à revelia de 20 sauditas, incluindo dois homens próximos ao herdeiro do regime da Arábia Saudita, Mohamed bin Salman, acusados pelas autoridades turcas pela morte e esquartejamento do jornalista Jamal Khashoggi em 2018.

Embora os acusados corram o risco de condenação à prisão perpétua, o processo é sobretudo simbólico, já que nenhum réu está na Turquia.

Entre as 20 pessoas acusadas de "homicídio doloso premeditado com a intenção de infligir sofrimento", os investigadores turcos identificaram dois organizadores do assassinato: um ex-assessor do príncipe herdeiro, Saud al Qahtani, e o ex-número dois da inteligência saudita, o general Ahmed al Assiri.

Khashoggi, um colaborador do jornal Washington Post e crítico do regime saudita, depois de ter sido um de seus apoiadores, foi assassinado e teve o corpo esquartejado em outubro de 2018 dentro do consulado da Arábia Saudita em Istambul. Ele compareceu ao local para recuperar um documento.

O jornalista tinha 59 anos e seus restos mortais nunca foram encontrados.

O assassinato provocou uma das piores crises diplomáticas da Arábia Saudita e abalou a imagem do príncipe herdeiro Mohamed bin Salman, conhecido pela sigla "MBS", apontado pelas autoridades turcas e americanas como a pessoa que deu a ordem para a morte.

A namorada de Khashoggi, a turca Hatice Cengiz, e a relatora especial da ONU sobre execuções extrajudiciais, Agnès Callamard, estavam presentes na audiência desta sexta-feira, assim como Yasin Aktay, amigo da vítima e assessor do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan.

"Os assassinos de Jamal e os que deram a ordem evitaram a justiça até agora", declarou à AFP Cengiz antes do julgamento. "Vou continuar até esgotar todas as opções legais para que os assassinos sentem no banco dos réus", completou.

Foi justamente Cengiz quem alertou sobre o desaparecimento de Khashoggi, com quem se casaria, depois de aguardar por várias horas na entrada do consulado saudita em Istambul.

Durante a investigação, as autoridades turcas assistiram horas de gravações das câmeras de segurança, interrogaram dezenas de pessoas e percorreram até a rede de esgoto ao redor do consulado saudita em Estambul para tentar encontrar evidências do homicídio do jornalista.

Após negar o assassinato, e depois de apresentar versões contraditórias, Riad reconheceu que o crime foi cometido por agentes sauditas que atuaram por conta própria e sem ordens das autoridades superiores.

A própria justiça saudita organizou um julgamento no país. Ao final de um processo opaco na Arábia Saudita, cinco sauditas foram condenados à morte no ano passado. 

Porém, não foram apresentadas acusações contra Qahtani e Assiri foi absolvido.

A Turquia chamou a decisão saudita de "escandalosa", por considerar que os verdadeiros organizadores do crime se beneficiam de "imunidade".

Sem acusar diretamente MBS, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, pediu em diversas ocasiões o "julgamento dos culpados".

No fim de maio, o primogênito de Khashoggi anunciou que os filhos do jornalista "perdoavam" os assassinos.



*Por: AFP

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